quarta-feira, 30 de outubro de 2002

3º Festival O Gesto Orelhudo: um fenómeno de adesão!

Uma romaria diária para o Auditório de Recardães marcou a 3ª edição de "O Gesto Orelhudo", um festival inédito de fusão de música e teatro que surpreendeu o país cultural, arrastou a região e encheu as medidas a Águeda.

Sucederam-se as noites incríveis na programação (Banda Osiris, La Trova, Oskar & Strudel, Paul Morocco & Olé, Rock & Clown, Bernard Massuir...) até ao apoteótico encerramento com Wok!, espectáculo que fechou o ciclo de qualidade que fora aberto na sexta-feira anterior, na abertura do festival, pelos italianos da Banda Osiris, uma verdadeiro surpresa para o público.
O Auditório de Recardães registou casas cheias durante os dias de semana e na sexta-feira abarrotou para ver o portentoso espectáculo de percussão de Rui Júnior & TocáRufar, melhor opção para o encerramento que qualquer descarga de fogo de artifício.
A memória desta edição do festival está já gravada nos gestos do público cúmplice, uma imensa minoria que acompanha fielmente a d'Orfeu e a carrega ao colo, com toda a solidariedade cultural do mundo.

O livro de honra do festival registou uma desusada profusão de pontos de exclamação. A seguir se transcrevem alguns dos testemunhos do público, escritos nas noites desta 3ª edição:

"Saí de casa uma noite para ver um espectáculo que não sabia o que era... e tive que sair todas as noites...nem a chuva me parou. Foi um espectáculo. Parabéns."

"Simplesmente genial! Continuem a surpreender-nos!"

"Apesar de conhecermos não deixamos de nos surpreender com a capacidade de inovação e a vontade de fazer arte e luz na noite mostrada pela d'Orfeu. Obrigado."

"Programação simplesmente fenomenal! Em frente!"

"Adorei os espectáculos e espero que continuem a organizá-los. Parabéns."

"Não existem palavras para exprimir o que estou a sentir, a ver e a ouvir!!! Há um misto de sensações no ar que inundam toda a sala e que se convertem em milhares de expressões diferentes; umas se alegria, umas de espanto, outras de admiração... E tudo isto porquê? Porque vocês são todos magníficos, sem excepção!!! Continuem sempre!"

"Estou maravilhado com o que tenho visto. Entre todos os espectáculos só a d'Orfeu me proporciona estas noites inesquecíveis. Parabéns."

sábado, 26 de outubro de 2002

A palavra da d'Orfeu

Pessoalmente tenho consideração e estima pelo Dr. Paulo Matos, que julgo serem recíprocas, e não me move o desejo de sustentação de querela de qualquer ordem.
São reconhecidos pela d'Orfeu a simpatia e o respeito que o Dr. Paulo Matos nutre por esta Associação Cultural, sentimentos expressamente manifestados não só na frequência com que assiste aos nossos espectáculos e nas análises daí decorrentes, como também nos elogios tecidos no último artigo. A d'Orfeu e a Política Cultural da Câmara, publicado no Jornal Soberania do Povo, a 6 de Setembro de 2002. Com efeito, na opinião do coordenador do grupo municipal do PSD na Assembleia Municipal, desenvolvemos multifacetadas actividades, representamos alguma lufada de ar fresco no panorama cultural de Águeda, temos uma lógica de funcionamento quase empresarial, constituímos uma vanguarda cultural, perseguimos nobres objectivos, elaboramos uma política cultural integrada, na base de um plano anual podendo servir de exemplo à própria autarquia e, justiça nos seja feita, fornecemos anualmente à autarquia o nosso plano de projectos e actividades, razões sobejas para justificar o crédito que nos atribui.
Agradeço, em nome da d'Orfeu.
Por outro lado, julgo que não são adequados os epítetos de arrogância e de alguma soberba intelectual, por considerar que não se ajustam à nossa postura.
A nossa Associação tem-se pautado por atitudes de verticalidade, independência, crítica construtiva, abertura e cooperação, a nível nacional e internacional.
Somos uma instituição de utilidade pública, recebemos dinheiros públicos, temos apoios mecenáticos, e, consequentemente pautamo-nos por critérios de exigência e rigor em todo o nosso trabalho, quer no funcionamento da nossa contabilidade, quer nas nossas iniciativas que, não sendo certamente do agrado de todos, são múltipla e de reconhecida qualidade. Águeda é rica em empreendimentos e associações culturais e tem igualmente público para todas essas realizações. Nós também constatamos a progressiva adesão do público local e regional - às nossas iniciativas.
São conhecidas as várias parcerias com outras instituições e é do domínio público a disponibilidade com que temos acedido às solicitações de várias entidades, nas quais se inclui a própria autarquia. Prestamos o nosso serviço público. O trabalho artístico que temos apresentado é a maior parte das vezes gratuito. As instituições, com quem temos tido a honra de colaborar, sabem disso. Mas infelizmente a cultura não se paga na totalidade por si própria, as nossas despesas são bastante consideráveis e a estrutura humana fixa sobrevive desta actividade. A nossa capacidade de auto-financiamento é relevante, mas insuficiente. E qual é a instituição cultural de serviço público que vive sem apoios? É evidente que não poderíamos ter a mesma gratuitidade em relação a espectáculos de artistas de renome nacional e internacional, que temos trazido aos palcos de Águeda. É do conhecimento geral que a mentalidade e a cultura de um povo não evoluem, se persistirmos sempre nos mesmos modelos. É preciso conhecer outras realidades para, a partir da nossa, construirmos outras, inovando sempre.
Nos últimos anos, a d'Orfeu tem proporcionado a jovens de Águeda o conhecimento de outras realidades culturais por toda a Europa. Águeda tem sido o ponto de encontro de jovens de várias nacionalidades, através duma política de intercâmbios, apoiada pela União Europeia e por entidades locais. Tais factos constam dos nossos planos de actividades que, como se constata, têm sido entregues à autarquia.
É por demais óbvio que a nossa política cultural integrada só pode concretizar-se com base nos apoios substanciais que recebemos do Estado Central (Ministério da Cultura), da Comissão Europeia, do IPJ e do mecenato, tendo sido os respectivos montantes divulgados junto da autarquia. Refira-se que já manifestámos toda a disponibilidade e abertura no acesso à nossa contabilidade e outros dossiers. Não repetimos aqui os números, não porque eles sejam falaciosos, mas porque, concordando com o articulista, poderiam tomar a leitura menos interessante.
Não negamos que a Câmara Municipal de Águeda nos tem apoiado. Pretendemos sim, que reconheça efectivamente o dinamismo da Associação, a qualidade da sua intervenção, o papel que desempenha no panorama cultural da cidade e nos apoie na concretização dos nossos objectivos. É muito importante para nós essa credibilidade. Conhecemos a capacidade e a sensibilidade cultural da vereadora da cultura e dos departamentos técnicos, imaginamos as dificuldades na gestão da política cultural, continuamos a disponibilizarmo-nos para uma colaboração aberta, mas não podemos deixar de usar a palavra para reivindicarmos o que entendemos ser justo.
É referido no texto um certo aproveitamento político desta controvérsia. Afirmo e certamente não se porá em dúvida a minha palavra que, a haver qualquer politização da polémica, somos completamente alheios a esse facto. Convidámos todos os grupos parlamentares a visitarem as nossas instalações. Todos reconheceram as condições difíceis em que trabalhamos, o estado crítico das instalações e o capital humano de trabalho e dedicação dos funcionários e de toda a equipa d'Orfeu. Expusemo-nos. Águeda precisa de nós, como de todas as outras instituições culturais. Somos uma Associação apartidária, constituída por pessoas que, naturalmente, se enquadram em várias opções partidárias. Não defendemos qualquer opção político-partidária. Colaboramos com todos. E esperamos a colaboração de todos.
Concordo com a grande maioria dos princípios expostos no referido artigo. Tem na verdade a autarquia toda a legitimidade de definir uma política cultural municipal integrada para o concelho que, de acordo com o Programa de apoio a actividades culturais, lúdicas e desportivas, deverá reflectir um pluralismo cultural que o estabelecimento de parcerias com as múltiplas instituições existentes no concelho contribuirá com certeza para consolidar, devendo todos os agentes culturais fornecer igualmente à autarquia o seu plano anual de projectos e actividades, com vista à concepção e definição de critérios de elegibilidade e de selecção de iniciativas a apoiar. Penso que todos os agentes culturais têm conhecimento da obrigatoriedade deste procedimento. A autarquia tem, não apenas o direito mas, na minha opinião, tem mesmo o dever de acompanhar e avaliar a execução do programa, com vista a uma política de transparência.
E finalmente quero aplaudir a ideia final do texto. Águeda merece e precisa urgentemente de um centro de artes moderno e polivalente, desses que já vão aparecendo não só no litoral como no interior do país.


Odete Ferreira

sexta-feira, 25 de outubro de 2002

Andamento em Lisboa

A convite do Senhor Director do Museu de Marinha, de Lisboa, e com o apoio da Câmara Municipal de Águeda e do Sr. Comendador António Silva, Presidente do Conselho de Administração da SIM, o ANDAMENTO da d'Orfeu Associação Cultural, com a colaboração da Escola Secundária Marques de Castilho, participou, no passado dia 22 de Outubro, nas cerimónias oficiais comemorativas dos 80 anos da 1ª Travessia Aérea do Atlântico Sul., com a apresentação de Por ares nunca dantes navegados, colectânea de textos de Luís de Camões, Sarmento Rodrigues, Gago Coutinho, Sacadura Cabral, Potiguar Fernandes, Sophia de Mello Breyner e Odete Ferreira.

Nestas palavras oficiosas, esconde-se a cor da travessia e o gosto da travessura de um grupo poético-musical, que mais ou menos assim se viveu.


22 de Outubro - 8h30m - Praça Dr. António Breda

Vão chegando os artistas e os técnicos, a esfregar ainda os últimos sinais de sono. O autocarro da Câmara Municipal vai-se enchendo de equipamento e de arte. Ninguém se atreveu a ultrapassar o limite da pontualidade. O condutor sorria, já habituado a estas andanças.

Já foi o último controle. Já foi o arranque da partida.

A bordo

Vive-se a atmosfera de uma festa, largando a rotina. O Presidente do Conselho Executivo da Escola Secundária Marques de Castilho oficializa a fuga. Emília Batista contabiliza os adereços. O fato de Almirante está em cima, a bóina do marujo, por baixo, as cruzes do império, na bagageira, que eu me lembre, não falta nada. Os textos, os textos?, pergunta o Óscar, com medo de perder a personagem. O Bruno acalma o estresse do pêssoal, sotaqueando o brasileiro. A Ana e o Francisco respiram silêncios e sorrisos e acomodam o instrumental. O Paulo, o técnico da dOrfeu, assume o ar imperturbável de quem domina a situação. O Hugo acena um adeus a um grupo de fãs.

Águeda começa a perder-se. Levamos a inquietação dos nossos, que nos ligam a desejar sucesso e boa-viagem. A Raquel e a Marisa partilham os segredos mais recentes. O Ricardo liga à mãe, a desejar-lhe bom dia. Adequa-se a música e olha-se a estrada molhada, a abarrotar de trânsito.

Uma paragem a meio da travessia.

E finalmente a capital

Desfilam as nossas memórias de anteriores deslocações. Nós estamos a ficar bigues, superlativa-se o Bruno. Atravessamos Lisboa, rumo à Praça do Império. Ao lado dos Jerónimos, o Museu de Marinha. Um marinheiro aguarda-nos e dá-nos instruções. Recepção de stars, comenta a Marisa. Chega o nosso anfitrião com a afabilidade de quem sabe receber.
Museu de Marinha 13h
Entramos na sala grande do Museu. O Santa Cruz, o hidroavião que terminou a Travessia, estende-nos as asas, com um certo ar de espanto e suspeição.

Que gente tão pequena! pensou.

As figuras tutelares de Gago Coutinho e Sacadura Cabral parecem sorrir-nos. No bergantim real, espreita-nos uma palavra cúmplice da rainha D. Amélia.

Mostrem o que valem! Eu estou convosco!

A responsabilidade cresce. Almoçamos na pequena cantina do museu. Somos apresentados ao Subdirector do Museu, ao Comandante da fragata D. Fernando e Glória, a outros marinheiros e a funcionários do museu. As mesmas boas-vindas. A mesma pergunta. Porque vem um grupo de jovens participar nestas cerimónias? E porquê um grupo de Águeda? Desfilo os nossos pergaminhos de agentes culturais, a atestar a importância da cultura nos longes provincianos. Sentimo-nos acarinhados. Estamos prontos a dar o nosso melhor. Por nós mesmos. Por quem acredita em nós.

A tarde passa, entre a montagem do som e os últimos ensaios. O nosso guarda-roupa mostra-se um pouco desadaptado. Os fatos de hoje não vestiam condignamente os heróis de há 80 anos. Rapidamente se substitui a modernidade. Emprestam-nos sobretudos, gorros, bóinas, casacas, tudo o que nos dava um ar de maior autenticidade.
Começam a desenhar-se outros convites.

Têm de vir cá fazer um espectáculo, na fragata D. Fernando.

Disfarçamos os nossos medos e agradecemos. Um visitante de língua inglesa observa os preparativos e vai opinando,

This must be for the king!

Deve acreditar que somos uma província de Espanha e Juan Carlos nos governa.

No final, uma pausa curta para um café.
18 Horas
Começam a chegar os convidados. Fardas de gala da marinha vão azulando o museu. Almirantes e outras altas patentes olham-nos com estranheza. O presidente da Câmara Municipal de Freixo de Espada à Cinta traz-nos um abraço de festa e de solidariedade. Afinal, também recordamos Sarmento Rodrigues, um ilustre da sua terra. Os actores lembram-se bem da hospitalidade e do calor do público transmontano. Somos convidados a actuar no Centro Cultural da vila, recentemente inaugurado. Lá estaremos brevemente.

Familiares nossos estão no meio do público.

E a cerimónia começa. As palavras do Director do Museu, o Comandante Adriano Beça Gil, a abrir a sessão. Em seguida, uma conferência proferida pelo Comandante António Jorge Silva Soares, ex-aviador naval, dedicada especialmente aos jovens, sobre o valor do feito de Gago Coutinho e de Sacadura Cabral e a sua importância para a história da aviação mundial.

O nosso momento.

O texto e a música fluem. Os olhos abertos da assistência. O silêncio da concentração. E os aplausos finais. Todas as perguntas ficam respondidas. As felicitações. A oferta de um brasão do Museu de Marinha dedicado ao Andamento da dOrfeu. Saudações de familiares de Sacadura Cabral. Abraços efusivos do filho e genro de Sarmento Rodrigues, também eles almirantes.

Uma maneira inovadora e aliciante de apresentar a história comenta-se. Pedem-nos o texto, perguntam-nos porque não levamos o espectáculo a escolas, porque é que a televisão não nos divulga, e nós sentimo-nos meio perdidos, no meio de tanto apreço. Mal apreciamos os aperitivos que nos oferecem.

Antes do regresso, o jantar. O mesmo bem receber. A mesma qualidade culinária. Umas últimas palavras do Director. Lembranças ainda. Agradecimentos mútuos. Convidem-nos sempre.

21h30m A bordo

Ambiente escurecido. Assentos almofadados. Ansiedade acomodada. Saudade já.
O quase amargo da rotina do amanhã. Uma paragem a cortar o sono.

24h Praça Dr. António Breda

Um até amanhã. No sono, revisitamos o abraço que levámos a Lisboa.


Odete Ferreira

segunda-feira, 21 de outubro de 2002

Carta Aberta ao público do Gesto Orelhudo!

Que se me perdoe esta provincianice de oferecer um ramalhete de palavras ao público, depois do pano corrido. O festival internacional de musicómicos aconteceu, arte de palco mostrou-se, a televisão, a rádio e a imprensa escrita divulgaram, o nome de Recardães e de Águeda correu o país, o público acorreu, numa saudável evasão ao quotidiano, encheu o auditório do Centro Social de Recardães, e, durante uma semana, o Gesto da d'Orfeu apontou o caminho da noite.

Muita orelha se apurou!

Depois do até sempre da d'Orfeu, nem sequer é protocolar este meu escrito. Mas eu não gosto de alinhar em protocolos!

E por isso, que o gesto agora seja de leitura.

Antes do gabanço a penitência!

Neste caso, a penitência é nossa! Anda uma enorme dor de orelhas pela região e talvez ainda uma maior dor de rins. Se nos responsabilizamos por estes efeitos secundários de uma semana de gargalhadas, por outro lado devemos ter contribuído para uma descida nos valores da tensão arterial, efeito que tem o epicentro em Recardães, se espalha pelo concelho de Águeda, pelo distrito de Aveiro e vai contagiando a região centro. Analisando bem os factos, só nos falta prever a inclusão do Gesto Orelhudo nas receitas médicas, para o tratamento das hipocondrias, alergias, melancolias e outras dívidas do ser humano.

E agora as nossas palavras elogiosas. Desta vez, não vão para os artistas. Esses foram anunciados, analisados e avaliados com distinção, na sua grande maioria! Deixaram-nos sempre um espanto e um vazio. Sempre com aquele amargo final que só outro espanto é capaz de curar. Deve ser este o sabor preferido da alma.

Também os nossos apoiantes, os oficiais, os mecenáticos, os logísticos, os técnicos, os divulgadores, mereceram já o nosso reconhecimento. Eles são sempre a primeira pedra do edifício.

O público, esse é o seu telhado. O fim de qualquer festival. O destinatário de qualquer palco. O artista quer entrar-lhe na alma, remexer-lhe o sentir, espevitar-lhe as emoções, fazê-lo explodir de riso, de palmas, de movimento, de lágrimas, provocar-lhe, se possível, o aplauso. E se o final traduz esse percurso de sensações, o artista sente-se gratificado pelas horas sem conta de ensaio de um simples gesto, um texto, um poema, uma música, um movimento, pelo nervosismo que se instala nos bastidores, pela ansiedade com que aguarda a reacção do espectador.

E valeu a pena o nosso tempo na promoção de cultura.

Foi generoso e mecenático o saldo das vossas presenças, aplausos e ovações.

Foi relevante o vosso comentário, a vossa sugestão, a vossa crítica.

Foi gratificante a vossa gargalhada.

Foi muito Orelhudo o vosso e o nosso Gesto!



Odete Ferreira

sexta-feira, 11 de outubro de 2002

OuTonalidades 2002

A 6ª edição do Outonalidades arranca sexta-feira à noite, no bard’O, imediatamente após o encerramento do Festival O Gesto Orelhudo. Um Outono sem tréguas culturais, este que a d’Orfeu propõe.

O circuito de música ao vivo por bares do concelho de Águeda arranca no dia 18 de Outubro e só termina na última noite do Outono, no longínquo dia 21 de Dezembro. Uma programação interrupta de dez fins-de-semana farão de Águeda, mais uma vez, espaço privilegiado de atracção para os públicos nocturnos da região.
O evento terá, este ano, 22 espectáculos, rotativamente pelos 13 bares do concelho de Águeda que aderiram ao certame. Com o evento pretendem-se cativar os públicos para propostas inovadores em termos musicais, provocando uma migração que continue a fazer deste circuito, uma iniciativa de formato inédito a nível nacional.
Este ano, pela primeira vez, alarga-se a intervenção do Outonalidades para fora do concelho de Águeda. Em parceria com a Activar/Oficina de Música de Aveiro, as extensões também nos concelhos de Aveiro e Ílhavo irão multiplicar a grande festa resultante das anteriores edições, que se sucedem anualmente desde 1997, sempre restritas ao concelho de Águeda. Ainda numa fase inicial de expansão, irá testar-se agora a capacidade de aplicação do formato do Outonalidades, noutros locais, rumo a uma dimensão regional em futuras edições.
Cabe aos bares, tanto no circuito concelhio, como nas extensões, o grande mérito deste tipo de programação, sendo que a sua participação no evento vem dependendo de uma forte vontade também cultural. Para além de cada um dos bares aderentes, será novamente anfitrião da programação do Outonalidades 2002, o bard’O, no Espaço d’Orfeu, onde aliás se inicia o evento, a 18 de Outubro. Já prometida fica também a festa de encerramento no mesmo local, no último dia de Outono e que se espera, à semelhança de anos anteriores, resulte no encontro final dos grupos e bares participantes.
A produção executiva e coordenação do Outonalidades são asseguradas pela d’Orfeu – Associação Cultural. A Novóptica é sponsor oficial do evento, que conta ainda com o apoio oficial do Instituto Português da Juventude. A Câmara Municipal de Águeda apoia institucionalmente o evento, com o alargamento do horário de funcionamento dos bares, em noites de Outonalidades.
O Outonalidades 2002, no âmbito da actividade global da d’Orfeu , é considerado de manifesto interesse cultural pelo Ministério da Cultura.

segunda-feira, 7 de outubro de 2002

É melhor não perder pitada do que aí vem!

Para o programa do 8º FINTA - Festival Internacional de Teatro de Tondela consulte
http://www.acert.pt/

Para o programa do 3º Festival O Gesto Orelhudo consulte
http://www.dorfeu.com/

Para o programa do 8º Festival de Teatro Cómico da Maia consulte http://sapp.telepac.pt/teatroartimagem/eventos/fcomico.htm

Solidariedade com Moçambique ao sabor do jazz africano

Dois concertos em Águeda abrem a digressão dos moçambicanos "Pazedi", um quinteto de jazz de Maputo que se encontra na Península Ibérica para uma digressão de um mês, depois da sua brilhante participação no 2º Festival Internacional Teatro de Maputo, em Agosto passado. Para além de o festival se ter revelado um sucesso artístico, com a presença de inúmeras companhias europeias, o festival teve o condão de revelar também valores moçambicanos como os "Pazedi" que, agora, na sua passagem pela Europa esperam recolher fundos para as vítimas da Sida em Moçambique, que foi a causa maior da realização daquele festival.

O quinteto "Pazedi" fará uma primeira apresentação no próximo domingo 13 de Outubro, pelo meio-dia (12h00), na Praça da República, num dia marcado pelas animações de rua do Festival O Gesto Orelhudo. Na próxima semana, os "Pazedi" serão os grandes convidados na noite de abertura do OuTonalidades, no bard’O, na sexta-feira 18 de Outubro pelas 23h30. Nos dois concertos, o público de Águeda vai reter os melhores sons do jazz africano, trazidos pelo eclético sax de José Maria (o mentor do grupo) e pela voz soberba de Rahima. O quinteto é acolhido em Águeda pela d’Orfeu – Associação Cultural, com a solidariedade da empresa José Maria de Oliveira & Filhos e do Restaurante Gambuzinos.

Historial dos Pazedi
O Pazedi é fundado pelo músico Zé Maria, em Agosto de 1997 no Café Mastop, em Maputo.
No ano de 1998 o grupo fez uma tournée na Ilha de Reunião, tocou com os professores da conservatória de jazz e realiza múltiplos workshopes por toda a ilha.
Em 1999 o grupo faz concertos nos clubes e bares de jazz de Maputo.
O ano 2000 é marcado pela entrada na formação da cantora Rahima, realizando o grupo uma longa digressão pela Suazilãndia.
Em 2001, o Pazedi realiza concertos nas Províncias de Gaza e Inhambane e participa em workshopes com músicos do centro de África e Europa na capital Maputo.
O ano de 2002 afirma o projecto musical do grupo que se caracteriza por um estudo dos ritmos tradicionais e sua recriação em novas sonoridades de afro-jazz tradicional, reflexo do variado e multifacetado percurso de pesquisa realizado pelo seu líder, compositor e arranjista, Zé Maria, pela musica tradicional de Moçambique e pelas suas experiências com músicos de jazz de África, Estados Unidos da América e Europa.
O som desta formação percorre sonoridades da riqueza rítmica da música moçambicana, sendo a percussão e os sopros elementos que, conjuntamente com a voz e as danças de Rahima, o caracterizam com forte originalidade e poder comunicativo.
Na sua digressão a Portugal e Espanha, o Pazedi irá apresentar um concerto só de originais, confirmando o óptimo momento que passa no panorama musical de Moçambique e da África Austral.

Ficha Técnica:
Zé Maria - saxofone, flauta, m´bira, xitende, congas e voz
Paito - bateria e percussão
Dino - viola baixo
Orlando - viola solo
Rahima - voz e percussão