terça-feira, 6 de agosto de 2002

Um tempo dorfundido

Je fais j'agis j'acte
Je bouge mon corps
Je fais j'agis j'acte
Je bouge mon corps

A black town came into my dreams
Black eyed black monsters black gods

Al fondo del bote
te observo a remare
perdida la rota e la terra ferma

Têm todos uma maneira estranha de dizer as coisas!
Mal os vimos, tivemos logo um feeling. Esta d'orfusão vai ter himalaias de interesse! É verdade que ficámos meio apardalados com os da escola de circo. Os franceses! Isto é gente capaz de correr a maratona com os pés para cima! E em termos de fogo, já tenho visto muita coisa, mas eles deitam cada fogueira pela boca, que a d'Orfeu nem precisava de iluminação à noite.
Mas tudo estava nos conformes, se eles não fossem poetas! Poetas, isso mesmo! Deve ser por andarem sempre nas alturas, ou de cabeça às avessas, que ficam assim, a achar que o mundo tem carência de humanidade, de humanité, como eles dizem!
Os da escola de artes da Hungria são mais tipo "lagoa azul". Mais doces, mais meigos, mais rosamente enamorados, mais louramente nórdicos, mais passeantes sobre as nuvens, onde querem tocar com a voz e com a suprema leveza do ser, mais anjos rafaelitas.
Mas, surpresa mesmo trouxeram os italianos. Estávamos à espera de robertos, tuti robertos, tuti ragazos de sorrisão largo, olhos largos, bom giorno a qualquer hora, de camara em guarda, sempre prontos a encenar e vem um grupo de músicos, de gosto mais radical, com um leve saborzinho a brasileiro. E... brasileiro por brasileiro, nós não ficamos a dever nada a ninguém!
Mas a falar a verdade, ficámos formigueiramente nervosos!
Tínhamos quinze dias para mostrarmos que estávamos à altura!
Logo, no primeiro dia, falámos do nosso Pessoa, do nosso mar salgado, das nossas lágrimas e eles ficaram a perceber que ainda temos o sonho de partir, embrulhado na bruma, mas sonho sempre!
Depois, a pouco e pouco, fomos aprendendo a engolir o fogo e a vestir piruetas com poemas, com os franceses, a lavarmos a alma de azul, com aquele jeitinho de dançar a ternura, com os húngaros, a radicalizarmos as cordas das nossas guitarras e a arquitectarmos um banquete de pasta, com os italianos. Eles aprenderam também a partir e a sonhar connosco.
As nossas palavras dorfundiram-se. O nosso tempo dorfundiu-se.
E todos começamos a traduzir aquela palavra que nos arranha a alma como urtigas. Traduzimos d'orfusão que agora não é mais que saudade sonhadoramente circense e azul deste tempo de quase utopia, vivido dorfundidamente num quintal, com um pozinho de terra a cobrir-nos o corpo e uma imensa música a cantar-nos na alma.

Odete Ferreira

Vamos à Catalunha?

5 a 8 Setembro Feira de Teatro de TÁRREGA
a maior concentração de teatro de rua por metro quadrado
dezenas de espectáculos por dia (alguns a pagar outros livres)
acampar ou ficar na carrinha ou procurar alojamento local
ingressos + alimentação por conta de cada um

9 a 14 Setembro Acção “Jovens para a Dignidade”, LLEIDA
intercâmbio com espanhóis, alemães, romenos e ingleses
temáticas ligadas aos jovens desfavorecidos na Europa
alojamento em centro de juventude + 3 últimas noites campismo no Pirinéus
tudo por conta da actividade


COMITIVA: 6 JOVENS 15-25 ANOS + 1 ANIMADOR
GASTOS PESSOAIS: OS PRIMEIROS 5 DIAS
NECESSIDADES: TENDA E SACO-CAMA
MAIS INFO E INSCRIÇÕES: NA SECRETARIA ou dorfeu@dorfeu.com

sexta-feira, 2 de agosto de 2002

Curtas d'Orfeu Agosto 2002

Criaturas Criadoras na Hungria
O André, o Hugo e a Anabela são três jovens da d’Orfeu que seguem viagem para Kemence (Hungria), onde estarão de 10 a 20 de Agosto, na acção multinacional “Creator(s) Creatures”, entre outros grupos de jovens artistas da Polónia, Itália, Espanha e a própria anfitriã Hungria. Trata-se de uma experiência conjunta entre cerca de uma trintena de jovens em áreas artísticas tão distintas quanto miscigenáveis como a música, a pintura, a dança, o vídeo, o teatro e a fotografia. Mais uma excelente oportunidade não desperdiçada de mobilidade europeia através das artes, domínio no qual a d’Orfeu vai compensando largamente algum desprezo oficial pela sua missão em termos locais.

Festival de Teatro em Moçambique
Também por fora, mas dentro da lusofonia, o Trigo Limpo teatro ACERT apadrinha a realização de Festival Internacional de Teatro em Maputo, no qual se apresentará com os espectáculos “Abraço de Ferro” (última produção da companhia, que ainda não passou por Águeda) e o conhecido “Soltar a Língua”, para o qual José Rui e Mariana contarão com a participação convidada de Luís Fernandes, da d’Orfeu, nesta aventura músico-teatral em plena África. A permanência da comitiva portuguesa em solo moçambicano prolonga-se de 22 de Agosto a 3 de Setembro.

Novos Voluntários Estrangeiros na d’Orfeu

Este mês de Agosto, de defeso cultural entre portas na d’Orfeu, pela menos na sua extensão visível, é também altura de passagem de testemunho dos voluntários estrangeiros na associação, ao abrigo do Serviço Voluntário Europeu. Vão-se, ao fim de um ano, a francesa Véronique e a polaca Natalia e é altura de se instalarem o italiano Roberto (já viveu connosco todo o mês de Julho) e ao francês Adrien (que chegará em Setembro). No edifício que serviu de quartel-general ao intercâmbio d’Orfusão II será instalada residência destes novos voluntários, por amável cedência de José Maria de Oliveira & Filhos, prolongada que foi para prestar este apoio à actividade da associação.

Agosto é mês do Andanças
Em cada Agosto a agenda reserva-nos sempre mais uma edição do Andanças (em Carvalhais, São Pedro do Sul), destino obrigatório das gentes da d’Orfeu - parceira há vários anos do festival - e de uns milhares de aficcionados das danças e das músicas tradicionais. Seja para tocar, ensinar danças ou bailar dias e noites a fio, o espírito do Andanças já há muito explodiu e se impôs. O Julho na d’Orfeu comprovou, em várias noites, que o movimento dançante iniciado pela PedeXumbo, já criou raízes entre nós. Portanto, mais uma vez as gentes d’Orfeu se cruzarão no Andanças. Da nossa parte, já vamos com um bom ensaio!