sexta-feira, 20 de dezembro de 2013

17º OuTonalidades encerrou ontem em Albergaria-a-Velha!

OuTonalidades 2013 chegou ao fim, após 33 concertos pelo país!
Olhos já postos na 18ª edição do circuito português de música ao vivo

Teve ontem lugar o último dos 33 concertos do 17º OuTonalidades - circuito português de música ao vivo, ao som do grupo portuense Olivetreedance, no Cineteatro Alba, em Albergaria-a-Velha. Esta edição começou a 22 de Setembro e estendeu-se até 19 de Dezembro a vários pontos do país, com uma intensa agenda de música ao vivo.

Com um total de 33 concertos de 21 grupos em 14 espaços de música ao vivo, o OuTonalidades afirmou a sua condição única de rede nacional dedicada à música ao vivo de pequeno formato, salvaguardando a sua programação plural que, uma vez mais, apresentou sonoridades tão diversificadas como o jazz, a música tradicional, o rock, a electrónica, a fusão experimental e as músicas do mundo. O circuito assume, assim, uma importância cultural decisiva na descentralização geográfica e na criação de oportunidades à circulação para os grupos envolvidos. Foram muitas as noites memoráveis desta edição, foram muitos os quilómetros percorridos pelos grupos e foram muitos os espectadores, no país, deste grande palco chamado OuTonalidades, à 17ª edição.

O circuito foi coordenado, como desde sempre e a partir de Águeda, pela d’Orfeu Associação Cultural, em colaboração directa com inúmeros parceiros (Municípios, Teatros, Associações), na consolidação de uma grande rede de programação que junta grupos emergentes e reconhecidos, todos de inegável qualidade, para grandes noites de Outono.

Muito em breve, durante o próximo mês de Janeiro, abrirá o período de inscrições de grupos para a 18ª edição, a decorrer no Outono de 2014. Tudo sobre o último (e brevemente sobre o próximo) OuTonalidades no sítio oficial http://www.dorfeu.pt/outonalidades e na página http://www.facebook.com/outonalidades.

quinta-feira, 12 de dezembro de 2013

Lançamento do EP Contracorrente a 15 de Dezembro


Descobre na d’Orfeu as melhores prendas culturais. Neste Natal, oferece Cultura!
“Contracorrente” lança disco de estreia a 15 de Dezembro!

Dos palcos para o disco, "Contracorrente" lança o primeiro registo discográfico a 15 de Dezembro, sob a chancela da d'Eurídice. O espectáculo da d'Orfeu faz homenagem à música de intervenção mundial, reunindo no seu primeiro EP homónimo cinco emblemáticas músicas, incluindo o tema "A morte saiu à rua", galardoado este ano com o Prémio Adriano Correia de Oliveira no Festival Cantar Abril, atribuído à melhor recriação de canções de resistência.

Tal como o projecto em concerto, o EP conta com Sara Vidal (voz), Miguel Calhaz (contrabaixo), Gil Abrantes (saxofone), André Cardoso (guitarra), Rui Silva (percussão), sob a direcção musical de Manuel Maio (bandolim e violino). O disco "Contracorrente" pretende resgatar da memória e reivindicar para a actualidade algumas das músicas e vozes de resistência que marcaram a História do século vinte, nomeadamente "A morte saiu à rua" de José Afonso, "Maré Alta" de Sérgio Godinho, "Txoria Txori" do basco Mikel Laboa, "Canción del Derrumbe Índio" da argentina Mercedes Sosa e "El derecho de vivir" do chileno Victor Jara. Uma volta ao mundo cantada em vários idiomas e um manifesto de que, ainda hoje, resistir é uma forma de existir. Este EP tem um preço simbólico de 5€ (4€ cartão d'Orfeu). Mais Contracorrente na página oficial http://www.dorfeu.pt/contracorrente.

Outros artistas poderão ser encontrados na Lojinha, como Toques do Caramulo, Gaiteiros de Lisboa, Celina da Piedade, Miguel Calhaz e Sabão Macaco, entre outros. Com uma montra permanente de dezenas de CD do melhor da música portuguesa e de artistas que já passaram pela programação d'Orfeu, para além de DVD, Livros e outros artigos de merchandising, na Lojinha encontra-se a prenda ideal para um Natal cultural!

Para quem quer surpreender amigos e familiares, outra proposta criativa é a oferta de aulas da d'Formação e/ou o Cartão d'Orfeu, com todas as vantagens que ele oferece. A Lojinha está aberta diariamente, de segunda a sexta-feira, no horário 09h30-12h30 e 14h00-18h30. Encomendas e informações através do email dorfeu@dorfeu.pt ou através do sítio http://www.dorfeu.pt, página oficial da Associação.

quarta-feira, 4 de dezembro de 2013

18 anos d'Orfeu

Corria mil nove nove cinco.

Esta "Ficha do Doente" foi o primeiro, histórico e irónico documento oficial, à laia de comunicado de intenções, da associação cultural que escolheu invocar o nome do Deus da Música em vão de escada, juntando-lhe um d minúsculo a querer simbolizar uma nota de música - coisa que ainda hoje não estará clara para muitos - e um também minúsculo apóstrofe, singeleza que tanto irrita os que não o conseguem localizar no teclado para emitir a factura. Não raro, sai 'd-acento' e não 'd-apóstrofe'. Para não falar do ph, que nem neutro é.

Foi, efectivamente, por força das melhorias do paciente (lembro: o momento cultural da Águeda de então, que começava a não cuidar de ousar e inovar) que as dosagens não mais deixaram de ser reforçadas. E, na voragem do tempo, 18 anos voaram nas auto-estradas culturais rasgadas por esta d’Orfeu que hoje celebramos.

A d'Orfeu fez-se. A d’Orfeu d'Orfez-se. Muitas vezes, dor foi.

Com dentes e sem nozes, santos da casa a fazer milagres, água dura em pedra dura.

A d'Orfeu foi Todos os Dias, sempre a Eventar, Serviço Público de Cultura, Um Pequeno Mundo, Música por Todos os Lados, um microclima cultural, casa de trabalhadores da cultura, bombeiros culturais. A d'Orfeu marca! d'Orquê?

Diz-se por aí, à boca cheia, que sabemos a cultura.
Talvez se diga por aí, à boca pequena, que a sabemos toda.

Com aquilo que fizemos nos últimos 216 meses – vêem como se transforma 18 anos em pouco? -, acabámos por levar à banalização do estupendo, à vulgarização do impressionante.

Para quem ainda se perguntasse pela d'Orfeu, é desse tão bom mal que sofremos. Habituados à voz-corrente de que fazemos umas coisas. Imunes ao estigma de que somos artistas. Vacinados contra o protagonismo rebentativo da volta e meia. Acostumados a que se espere sempre demais de nós, mesmo além do que é humano. Culpa nossa. Não há desculpas!

A d'Orfeu fez-se. A d’Orfeu d'Orfez-se. Muitas vezes, dor foi.

O fascínio maior desta história foi a concretização do que, na altura, não podiam ser mais que utopias. Eis-nos aqui chegados. Já começamos a fazer acreditar que a d'Orfeu não é um epi-fenómeno. Fez 18, sobreviveu à puberdade artística.

Sonho e razão. Razão e sonho. Já tivemos razão antes do tempo. Também já só tivemos razão depois do tempo. Já sonhámos cedo demais. Também já sonhámos tarde demais. Razão e sonho.

Nesta resenha falo-vos de forma risonha daquilo que é o nosso razonho. Pode parecer um termo ranhoso, mas razonho é razão e sonho. O nosso razonho. Um razonho de dezoito anos.

Neste rascunho falo-vos daquilo que foi riscado, daquilo que era rasquido. Deste recanto também vos falo daquilo que foi requinte, do tanto que está recente.

Ver se não fico enrascado no efeito enriquecido deste arrazoado. Antes enroscado no afecto enrouquecido do que não é racionado. Ver se não discurso debalde, ver se dispenso disfarce. Ver se me dedico, ver se vos deleito.

Ver se faço a apologia sem acharem que é mania. Ver se faço o destinado sem me sentir em fobia. Ver se vêem neste rosto os sinais de um rasto. Ou melhor, ver se vêem nesse rasto os senis que lhe dão rosto.

Um like, um donativo, um sorriso, um aluno, uma medalha, um pão, um pin.

Sob o sabre da crítica, venha o que vos sobra na prática. Talvez tenhamos uma ética exótica e uma ínfima fama daquilo que fomos (isto segundo os sinais de fumos).

Um post, um cheque, um olá, uma adesão, um troféu, um pote, um piu.

Sabem que sobre métrica, não tenho a escola política. Talvez fujamos da forma óptima e da insana soma daquilo que somos.

Somos d’Orfeu. Somos todos d’Orfeu. Somos as foladas do Honório e da Valentina. Somos os quilómetros da d'Orfina, da d'Orfaina e da Ford'ina. Somos os indiscutíveis gostos estéticos do Tesi, um dos maiores consumidores de cultura da região.

Insistimos no nefasto que é pensar a cultura como entretenimento. Se para quem a consome pode ser, para quem a faz não pode ser! É um compromisso tão difícil. E está-nos colocado cada vez mais difícil. Queremos continuar dignos de quem acredita assim.

Ainda assim, mais futuro que passado, haja pernas para voar, com os pés assentes no som.

Nada disto é pela medalha de mérito, é pelo mérito da medalha.

Viva a d’Orfeu!


(intervenção de Luís Fernandes, coordenador-geral da d'Orfeu, na cerimónia dos 18 anos da associação e entrega da Medalha de Mérito Cultural, a 4 de Dezembro 2013)